30 de jan. de 2014

A Motorola continuará sendo espetacular sem o Google?

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Você pode ter a sua teoria para a venda da Motorola pelo Google. Eles queriam apenas as patentes? Viraram melhores amigos da Samsung? Mas uma questão muito mais importante precisa ser respondida: o que vai acontecer com a Motorola?
Em um ano onde mais e mais fabricantes se renderam ao Android puro, a Motorola se destacou com seus recursos estranhos, mas fantásticos. E em meio a processadores potentes Snapdragon 800, o Moto X, com suas especificações técnicas aparentemente modestas, parecia pertencer a outro mundo. Mas ele inovou muito, com uma customização de hardware que simplesmente não havia sido considerada antes. Ele finalmente se tornou um smartphone Android para todos.
É algo que podemos esperar novamente agora que a Lenovo – e não mais o Google – está no comando? Na verdade, sim.

Hardware

Os smartphones da Lenovo não chegaram ao mundo ocidental, e, por isso, eles são desconhecidos por aqui. Mas eles são confiáveis. Já vimos uns corpos belíssimos e bastante atenção ao design, algo esperado para uma empresa que acabou de comprar os direitos de lançar o sucessor de um dos nossos smartphones preferidos do momento. Então a Lenovo já conhece o mercado, e produzir um smartphone não é algo novo para ela.
Mas, em vez de pensar em smartphones, talvez seja bom olhar para algo que está perto de nós. Parece que faz muito tempo, mas em 2005 a Lenovo comprou a linha ThinkPad da IBM. E provavelmente muita gente não percebeu. Os ThinkPads não mudaram drasticamente nem deixaram de ser ótimos; eles, na verdade, consistentemente melhoraram nos últimos nove anos. Mais elegantes, finos, o tipo de dispositivo que domina seu nicho ao mesmo tempo que se mantém verdadeiro ao seu legado. A Lenovo já mostrou que pode fazer isso muito bem.
E isso sem falar na linha Yoga, original da Lenovo, que tem alguns dos melhores laptops do momento, com soluções simples e inteligentes de hardware para os desafios do Windows 8. Não é possível fazer isso sem apetite por design e inovação, e foi essa combinação que nos deu o Moto X. Os Yogas também tem um ar durável e premium. Isso é algo que a Lenovo sabe fazer.
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E o que talvez seja o mais importante: a Lenovo não tem medo de se arriscar. Quando o Windows 8 foi lançado, ele basicamente forçou OEMs a tomarem medidas criativas. Alguns afundaram, os da Lenovo não. Esta é a empresa que colocou um kickstand em um tablet. Talvez seja algo mais bobo do que sábio, mas o futuro do Moto X não é sobre o que a Lenovo pretende fazer, e sim o que ela está disposta a deixar a Motorola tentar. E a resposta que esperamos: o que ela quiser.
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Software

O Moto X não tem apenas hardware bom. Grande parte das suas qualidades está no software que o acompanha. Não apenas ele está livre de skins do Android, mas também de muitas intrusões de operadoras. Dá a impressão que a Motorola (ou o Google) não apenas quis que ele ficasse livre de bloatware – ela brigou por isso.
Vamos colocar isso nas mãos de uma fabricante de PCs. A maior parte dos laptops acompanha muito bloatware. Mas, historicamente, os da Lenovo são menos intrusivos. Não são livres deles – poucos são – mas as adições indesejadas normalmente são boas, e mesmo que a Lenovo não pareça lutar contra elas, também não aparenta estar obcecada por eles.
A outra boa notícia vem do Yoga Tablet, da Lenovo – o primeiro tablet da empresa nos Estados Unidos – que até tem um Android modificado, mas muito pouco. Ele tem apps e um launcher personalizados, mas nenhuma mudança terrível ao sistema que roda por trás de tudo. E se a Motorola lançou aparelhos recentemente sem uma skin horrorosa, parece pouco provável que a Lenovo pense em incluir uma.
Historicamente, os ThinkPad nos mostram que a Lenovo sabe como respeitar seus filhos adotivos, como ajudá-los a se superarem. E isso é ótimo, nos dá uma perspectiva de um bom futuro para a linha de smartphones Moto. Ao menos se o projeto for mais mérito da Motorola, e não algo orquestrado pelo Google.

Inovação

A grande questão em aberto, no entanto, é o quanto a Motorola conseguirá não apenas manter o Android limpo, como também melhorá-lo. Um dispositivo Google Play Edition pode oferecer um hardware excelente sem nenhum tipo de crapware (mas por um preço, e alto). Mas o Moto X levou o Android além disso, superando o padrão e oferecendo algo melhor; reconhecimento de voz e as notificações ativas são coisas que não são encontradas no Android padrão. E mesmo o gesto para ativar a câmera é mais uma benção do que dispensável.
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Quem realmente foi responsável por esses pequenos truques? Não sabemos. Até agora, era impossível separar a Motorola do Google. E talvez continue difícil. A Motorola em si foi vendida, mas o Google manteve a unidade de pesquisas avançadas, chefiada pela ex-funcionária da DARPA Regina Dugan. Então mesmo que o Moto X tenha sido desenvolvido pela Motorola, a Lenovo provavelmente não levará o pacote completo. Ao menos não as peças que faziam ele andar para frente.
Esperar que a Motorola lance outro smartphone que dê um salto para o futuro do jeito que fez o Moto X talvez seja otimista demais. O Moto X representa um momento bem específico – e estranho – na era do Android, onde hardware e software se uniram para seguirem em frente, antes que o exército de outros Androids começassem a ver essa aliança como algo perigoso.
Esse momento pode ter acabado, mas a Motorola está escapando com um projeto incrível, para os braços de uma nova empresa, e parece pouco provável que ela tente consertar o que não está quebrado. Então a Motorola pode continuar sendo excelente sem a ajuda do Google? Ela deve ser capaz de manter o que a faz ser boa nesse último ano. Esperamos que também consiga melhorar.

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