Anunciado há poucos dias pelo Facebook, o aplicativo Paper finalmente foi disponibilizado para download na App Store norte-americana. A princípio, deu um tantinho de trabalho para baixar, já que o nome é bastante comum e o app é novo, o que o jogava para o fim de uma grande lista de aplicativos que envolvem até mesmo games de amassar papel e acertar uma lixeira virtual.
Idealizado para funcionar em iPhones (a galera do Android ainda vai precisar esperar por um tempo indefinido), o aplicativo surge justo em um momento em que várias publicações têm notado um aumento do tempo de visita de quem acessa as páginas a partir de dispositivos móveis, e se esmera em oferecer uma melhor experiência de consumo de conteúdo.
Assim que o app é instalado, uma assistente de voz acompanha o usuário por um tour sobre as funcionalidades, explicando passo a passo como cada uma delas pode ser utilizada.
Logo no início, é preciso escolher quais serão os “cadernos” que farão parte do seu Paper.
A ideia é bem semelhante aos de jornais impressos – dá para escolher seções como tecnologia, manchetes do dia, diversão, família, fotografia, esportes, e assuntos como feminismo, estilo de vida e orgulho gay.
Ao deslizar pelas notícias de um determinado caderno, dá para perceber que elas são dispostas com uma manchete e outras notícias adjacentes, que aparecem no rodapé. Para ler, basta selecionar uma delas e ver em tela cheia.
Se houver uma imagem em alta resolução, basta inclinar o telefone da direita para a esquerda (ou vice versa) para conseguir visualizar a imagem completa sem sair da tela cheia.
Esse gif ajuda a entender como funciona:
A apresentação das notícias e informações tende a ser mais agradável que a existente no app tradicional do Facebook. Os conteúdos, quando colocados em tela cheia, têm letras grandes que facilitam a leitura, se expandem pela largura da tela e ajudam a criar um foco: com o texto em destaque, em tela cheia, é mais difícil de se perder do que se está lendo.
Leitura em tela cheia no Paper
Uma das coisas que eu gostei e que acho que faz bastante diferença é a possibilidade da leitura de uma matéria ou artigo a partir do próprio app, sem precisar sair para o Safari (já tive que fazer isso várias vezes a partir do aplicativo do Facebook).
O navegador que abre o link selecionado ocupa a tela toda, sem bordas ou rodapés, facilitando a leitura e ajudando na concentração (Millenials agradecem o empurrãozinho; veja ao lado).
Depois de encerrada a leitura, basta deslizar o dedo de cima para baixo para minimizar aquela postagem, ou clicar em uma discreta seta para baixo que aparece na tela.
Quem já tentou fazer leituras mais extensas dentro do app do Facebook também vai apreciar o fato de que o Paper volta exatamente ao ponto de partida do link, permitindo que você comente, curta ou compartilhe o conteúdo, sem precisar ficar tentando caçá-lo novamente depois da atualização da timeline, que em grande parte das vezes rola para cima e faz com que você acabe desistindo de interagir com o que acabou de ler (pela pura preguiça de precisar ir rolando até achar aquele tópico novamente).
Postar no Facebook também pode ser mais agradável, já que a janela de postagem mostra letras maiores, mais fáceis de enxergar.
Eu testei o Paper em um iPhone 4S, mas os desenvolvedores afirmam que ele foi otimizado para a tela do iPhone 5, que é um tantinho maior. Em todo caso, até a leitura dos conteúdos que aparecem no rodapé de cada caderno pode ser feita sem a necessidade de puxar o conteúdo para cima para conseguir ler.
Segundo a Wired, a curadoria dos conteúdos das abas que não são a sua timeline do Facebook (aqueles cadernos que você seleciona logo no início) será feita por um misto de algoritmos e editores humanos. A vantagem é que você poderá ser impactado por conteúdos produzidos por veículos que você não necessariamente curtiu na rede social.
O design e a usabilidade surpreendem por serem pouco parecidos com o que já conhecemos do app do Facebook, e ter uma cara mais semelhante à do Flipboard. O The Atlantic destaca que o desenvolvimento do app foi realizado por um time em separado.
Ele é formado por ex-funcionários da Apple liderados por Mike Matas, fundador da Push Pop Press, empresa que foi adquirida pelo Facebook em agosto de 2011, quando era conhecida por fazer ebooks muito interessantes para dispositivos iOS.
Quem utiliza o Paper reconhece que a experiência da Push Pop Press com livros virtuais pode ter feito toda a diferença na criação do app.
Apesar de toda a beleza e facilidade de uso do Paper, é bom sempre destacar o interesse tácito do Facebook: não se trata apenas de uma medida altruísta que quer facilitar o seu consumo de notícias, também é arriscar na criação de um novo modelo comercial, que explora a necessidade do leitor de ter uma curadoria (automática, humana ou mista) dos conteúdos a que ele é exposto todos os dias.
Não seria de se estranhar se Mark Zuckerberg lançasse um novo estilo de impulsionamento de postagens, que faria com que elas aparecessem em determinados cadernos do Paper, como uma indicação dos editores. Conteúdos que seriam pagos para aparecerem no melhor espaço da rede social, praticamente uma manchete premium.
Também há dúvidas se o Paper vai mesmo emplacar. Inclusive porque isso depende da aceitação dos usuários, já que o Paper será apresentado como uma visualização alternativa da timeline do Facebook. Em todo caso, é uma aposta em um novo modelo de consumo de conteúdo, que tem como objetivo ajudar o leitor a passar (ainda) mais tempo na rede social.
Seria um fôlego extra para o Facebook.
Com design e usabilidade agradáveis, o Paper pode sim cair no gosto dos usuários, mas essa resposta só o tempo vai trazer.
Os anunciantes, no entanto, já podem preparar os bolsos: provavelmente precisarão investir ainda mais para ganhar destaque, seja com uma produção de conteúdo com maior qualidade ou no montante gasto para impulsionar a publicação no Facebook.
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